A CHACINA DO TAMANDUÁ!
Este poema faz parte de um curta metragem que estamos iniciando e é baseado em fatos históricos. Por uma rez morta, o genro do Cel. Domingos Ferraz matou dois filhos de Lourença Oliveira Freitas, vizinha e prima do coronel. O seu terceiro filho, Calixto Oliveira Freitas, jurou vingança, contratou bandidos nas Lavras Diamantinas, arregimentou alguns homens na própria família e atacou a fazenda do Cel Domingos, sitiando-o e à sua família. Na chacina foram mortas a tiros, a punhaladas e golpes de facão, 22 pessoas da família e agregados da fazenda Tamanduá. Corria o ano de 1895. Daí o título.
Foi nas terras da Bahia
Que aconteceu a chacina
Pela força da sangria
E pela fúria assassina...
Tanto sangue derramado
Tanto ódio acumulado
Por destrás de uma cortina!
Pau de Espinho e Tamanduá
Tinham boa vizinhança
A morte de um marruá
Fato de triste lembrança
Fez parentes inimigos
E os que antes eram amigos
Viveram só por vingança!
O genro do Coronel
Matou os filhos de Lourença
Que os levou em seu corcel
Protestando a indiferença
Pois uma vez que a Justiça
Se manifestasse omissa
Sem proceder a sentença!
Calixto Oliveira Freitas
Contra Domingos Ferraz
As ambições e as treitas
Pra ver quem podia mais...
Acabou tudo em tragédia
A razão perdendo a rédia
Nos macabros funerais!
Nas questões dos poderosos
A sempre lenta Justiça
Dá indulto aos criminosos
E como sempre, omissa
Atende à Promotoria
A Prescrição, Anistia
Ancorada na premissa...
De que a luta foi, de fato,
Uma briga entre parentes
De cujo desiderato
Eram as famílias agentes
E vem a absolvição
Dos réus pela prescrição
E foram soltas as serpentes!
Estes crimes que marcaram
A República insipiente...
Autoridades falharam
E até foram coniventes...
A morte de um marruá
Destruiu o Tamanduá
Matando toda sua gente!
O Pai Velho, negro forro
Contou todo o acontecido
Pensou "vou fingir que morro
Depois tomo meu sentido"...
Presenciou uma chacina
De facões e carabina
E chorou compadecido!
É esta uma triste história
Que temos de relatar
Só há dores, não há glória
No ato de assassinar
Calixto um dia morreu
Com um tiro que alguém lhe deu
Não pode se vangloriar!