Invertido

Invertido

maria da graça almeida

Um anjo franzino, gentil, indefeso,

Joana-menino, na lua espelhou-se.

Nasceu entendido, coração dividido,

um naipe invertido, que a vida inventou.

Chegou e com pressa, voando sem festa,

provou do amor que o envenenou.

Deixou-me a saudade da doce amizade,

na sinceridade que aqui espalhou.

Soltou, à distância, meu riso criança,

que inocentemente se cristalizou.

Quando a natureza, dele, madrasta,

deixou de ser casta e o maculou,

tão débil, sua alma pôs branca sua tez,

e um mago demente, anuiu, de repente,

e sepulto o fez.

Aí, sem bagagem, ingresso ou, passagem,

a dor inclemente, do amor diferente,

tragou-o, de vez!