Blues pra Minha Nanninha
Você não está distante,
posso sentir o cheiro
dos ácaros dos seus livros
enfileirados numa estante.
Letras presas e emboladas
em palavras que não entendo
- seqüências entrançadas,
nas entranhas engargaladas
de uma teoria importante.
Do casulo às asas azuis...
E azuis são os muros de Deus...
Sei disso por que foi lá
que estendi meus lençóis
pra secar sob os mil sóis
dos quintais do universo
- Meus fantasmas amarrados,
agora em forma de verso.
Hoje , novos coloridos cabelos
colam nas cartas da sina
outros milhões de selos,
marcando as curvas da trilha
pois, ainda outra criança
há de se antepor meio roxo-violeta
em tons de verde esperança.
E eu abri a porta,
aquela que nunca fechei,
a porta pra fora de minha estrada
e onde quer que seja a sua estada
sei que será plena...
Porque você não sabe ser incompleta,
não aprendeu a amar a parte,
tem o todo como meta.
Mas a cachaça e a arte
ainda nos redimem:
do tédio do meio dia,
da vã filosofia,
até da miocardia
e tantas cardiopatias.