Gratidão ao Tareco
Gratidão ao Tareco
Teu vento varre o chão, limpa o ar, canta e me conta de tantas vidas e lugares que não vivi.
Tuas águas curam a minha loucura do que não fui, não fiz, não senti.
Nas tuas pedras me vejo redonda, branca, pura, simples e forte.
Na tua terra, no teu barro, na barroquinha, faço-me e desfaço-me em sonhos e quimeras.
Nas tuas árvores... Ah, as tuas árvores são como os caracóis dos meus cabelos, debaixo delas, tanta história pra contar...
Das mangueiras... Minhas casinhas, função simbólica, semiótica... O melhor da vida.
Das gameleiras... A mágica transbordante dos mistérios e grandezas da mãe natureza.
Das algarobas... Na tradição oral, conto e reconto duma árvore genealógica rica e bonita.
Dos Paus de Rato, das Umburanas... A volta às raízes, a comunhão com a fonte, o equilíbrio natural do meu ser.
Dos Umbuzeiros... O sabor mais puro, doce, selvagem e impregnado de significados.
Da tua Capela, do teu Santo Antônio... A minha iniciação no mistério, no Divino, no transcendente.
Na porteira do curral
Meu umbigo tá enterrado
O gado passa, pisa e muge
A cancela canta, range e bate
Sou grata... Eternamente grata.
Morro do Chapéu, 11 de novembro de 2008.