CÓRREGOS DE EPIFANIA

CÓRREGOS DE EPIFANIA

Sinto Frida Khalo

Passear pela pradaria dos meus pensamentos:

Na tela de mim,

Ela pinta uma mulher sem rosto

Que faz verter sangue

Das tetas cor de rubro.

E do fluido vividamente vermelho

Assoma e fulgura

Um cavalo radiosamente negro

A trotar airosamente ligeiro.

Ele é um corcel

Que viaja sob o signo

Da velocidade da luz:

O colossal e galhardo quadrúpede

Traz impresso sobre o seu rutilante lombo

A imagem de uma velhaca águia gigante voando.

Ela, a águia,

Expele vórtices de fogo

E sorve o betúmico oceano caudaloso;

Ela, a águia,

Semeia espigas de ouro,

Colhendo para si o alcoólico dínamo suntuoso

E fomentando a fome para o infausto povo;

Ela, a águia,

E as outras magnas aves de rapina

Subjugam o mundo vivaz, pleno, maravilhoso

E deixam como legado

O caos, o crepúsculo, a dantesca mansão do vácuo para todos.

Ah, mas eu só pude sentir

A supernova do nosso milenar planetário

Quando a Frida Khalo

Fez da minha viagem

Á inefável esfera dos sonhos

Seu mais belo, eloqüente e audacioso quadro novo.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

JESSÉ BARBOSA
Enviado por JESSÉ BARBOSA em 18/10/2008
Código do texto: T1234947
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