AOS MEUS ALUNOS
Os rostos dos meus alunos
tão jovens
diante de mim.
Esperam tanto
da vida, do amor, do mundo.
O que esperam de mim?
Neles cintila o milagre
chamado adolescência
esta ânsia de liberdade
esta pergunta:
Por que os adultos
são tão comportados?
(Que sabem eles
das máscaras que compomos?).
Nosso mundo
- o meu e o deles -
na precária
área de intersecção
chamada sala de aula.
Será que lhes dou alguma coisa
para além dos conteúdos
dos currículos
quase sempre preparados às pressas
entre ruídos de toda ordem?
De todas as lições
que recebo deles
a maior é a certeza
de que é preciso manter a luta
na esperança de um mundo mais limpo
do que este que recebemos de herança
para que eles, os SEM-CULPA,
estes adolescentes de agora
com seus rostos adultos no futuro
olhem para trás e reconheçam
que o tempo em que estivemos juntos
não foi um tempo descartável.
Tão jovens
tão belos
tão frágeis e fortes.
Por causa deles
preciso crer
na minha utilidade
na minha fortaleza
para além de todas as guerras
que nos assolam por fora
e por dentro
para que lhes possa dar
no cotidiano dos dias
o melhor de mim
o melhor do possível de mim.