A Procissão
Na íngreme ladeira, adoração, pedidos,
Ato de contrição... pecados camuflados,
Gestos envergonhados, nas promessas vãs...
Estátuas em pedra sabão fazem, parte do cenário.
Testemunhas do sofrimento, esculpidas na dor, lamento,
Da deformação, falta de dedos, nos pés e nas mãos...
Mesmo assim ele esculpia, arrastava-se de joelhos,
Pedindo que lhe amarrassem, martelo e cinzel nos punhos.
Obras com expressão da revolta...
Pobre escultor... deixou impressa sua marca,
O destino não satisfeito, deu ao artista a cegueira...
Antônio Francisco Lisboa, “O Aleijadinho”
Que tanta escultura nos deixou faleceu só,
Foi esquecido por todos ...
Prossegue a procissão, rumo a matriz...
Nadir A. D’Onofrio
15/03/2006/ 12:36
Santos/ SP