MÃE DIVINA


 

Já não ouço tuas canções de ninar

Com as quais me embalavas até

O sono chegar

Não sinto o calor de tuas mãos

Vejo tuas extremidades geladas se desfazer.

 

Onde andam teus vestidos de primavera?

Enfeitados de flores, com cheiro de ervas?

Tenho medo! Pareces doente, teu corpo tão quente!

Explode em vulcões, lança chamas, larvas.

 

Os vermes se arrastam disputando espaços

Outros virão no futuro, destruir-lhe o regaço?

Onde eu e meus irmãos em criança

Aprendemos no tom de tua voz ao vento

 

Educação para o futuro é a única esperança.

 

És forte, nossa Divina mãe.

Nos ensina tão sutilmente

Pequenas lições no dia-a-dia

Paciência, lucidez, sabedoria.

 

Será que um dia outros irmãos

Terão tempo de viver outros verões?

As sentinelas do tempo não voltarão?

Em seus cavalos de fogo para nos libertar.

 

Estamos perdidos entre os papéis

Picados, pintados, rasgados, destruídos,

Sufocados, sem ar, presos no Jardim da Infância

Meninoss levado pisando as flores...

 

Mudamos as cores do céu

Queimamos as matas, as florestas,

Brincando de fogueiras nos quintais

Encurralamos os índios, devorando sua cultura.

 

Com fome de animais canibais.

Rebeldes, insanos com nossas armas.

De plástico, de metal são máquinas.

Destruidoras instrumentos do mal.


Homens, irmãos, crianças inocentes,

Mãe divina, não nos deixe nas creches.

Não nos leve aos doutores

Psicólogos, “experts” de exteriores.

 

Queremos apenas repousar em teu ventre sereno

Ouvir a canção das ondas do oceano.

Os abrir e fechar de bocas do sol sonolento

Com vontade de se esconder atrás do vento.

 

Mãe divina, não nos abandone!

Famintos, sedentos, entregues tudo nos consome.

Este vento frio de deserto

Onde outrora ficava nosso jardim.

 

Mãe divina, tua dor é tão grande!

Sentimos tuas lágrimas em ritmo constante.

Mãe divina devolve-nos teu ombro amigo!

Livra-nos deste insuportável castigo.

 

Algumas de tuas lágrimas deitadas ao solo

Fertilizaram a mente de novos bebês em teu colo

Serão tua promessa, Mãe divina?

Um sinal de sentir tua proteção, uma esperança?

 

Alguns irmãos fugiram de casa,

Vagueiam, cambaleando no espaço!

Mal sabem que um dia irão retornar

E a lição terá que aprender.

 

Faz parte da evolução

Cada momento deste nosso viver

É um sol brilhante, uma chuva de bênçãos.

E para infinitamente ser

 

Mãe divina, é preciso agradecer.

Agrade o seu ser.

 


Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 16/09/2008
Código do texto: T1181680
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