O Anjo Impossível (Para Ayrton Senna)
Anjo: onde habitas há borboletas no jardim?
Há a força do vento? A beleza da lua e almas em prantos?
Anjo: por que fostes tão cedo habitar esse lugar que eu nem sei ao certo dizer?
Você é a orquídea negra no jardim dos disfarces.
A ternura que se fora através de tuas asas rasgando o infinito.
Anjo da vida e anjo da morte.
Flor da agonia,
profunda melancolia
dos que em lágrimas deixastes.
A velocidade é o teu caminho:
nas curvas velozes do além;
serás que ainda sabes voar meu amigo de outrora?
Anjo: quantas mulheres em tua vida?
Amigas, amantes?
Por quê fostes habitar o espírito dos lugares e átomos?
Apaixonadamente impávido, livre e visceral como as estrelas.
Ayrton Senna: todas as coisas da vida;
palavras, cheiros, sons, cores, delícias e dores.
Senna: gestos de um herói, jovem guerreiro.
Os ídolos não morrem e não envelhecem.
Em sombras, na lua, teu nome eu guardo.
A alma, o encanto de um homem que se fora
e deixara marcas tão profundas
como um anjo do impossível.
O anjo lírico possível.
Tuas asas são de luz.