O Anjo Impossível (Para Ayrton Senna)

Anjo: onde habitas há borboletas no jardim?

Há a força do vento? A beleza da lua e almas em prantos?

Anjo: por que fostes tão cedo habitar esse lugar que eu nem sei ao certo dizer?

Você é a orquídea negra no jardim dos disfarces.

A ternura que se fora através de tuas asas rasgando o infinito.

Anjo da vida e anjo da morte.

Flor da agonia,

profunda melancolia

dos que em lágrimas deixastes.

A velocidade é o teu caminho:

nas curvas velozes do além;

serás que ainda sabes voar meu amigo de outrora?

Anjo: quantas mulheres em tua vida?

Amigas, amantes?

Por quê fostes habitar o espírito dos lugares e átomos?

Apaixonadamente impávido, livre e visceral como as estrelas.

Ayrton Senna: todas as coisas da vida;

palavras, cheiros, sons, cores, delícias e dores.

Senna: gestos de um herói, jovem guerreiro.

Os ídolos não morrem e não envelhecem.

Em sombras, na lua, teu nome eu guardo.

A alma, o encanto de um homem que se fora

e deixara marcas tão profundas

como um anjo do impossível.

O anjo lírico possível.

Tuas asas são de luz.

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 14/09/2008
Reeditado em 01/05/2014
Código do texto: T1177812
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