Língua amante

de Edson Gonçalves Ferreira

em homenagem ao grande escritor Machado de Assis, meu

patrono na Academia Divinopolitana de Letras

Falo e escrevo nesta língua línda

Nascida na boca do povo e dos trovadores

Cá já morro por ti, ó Flor do Lácio

És mais quixotesca que dantesca

Nasceste entre as pedras adormecidas de Roma

Teus reis, príncipes e princesas foram dilatando

A fé e o império, espalhando canto, engenho e arte

Desde o chão ilustrado pela Inês de Camões

Sob o céu de Cervantes

Revivendo outroras grandezas do latim sagrado

Com a ironia lírica de Queiroz

Multiplicada foste tu mais que Pessoa

Nos falares além do Tejo

As estrelas todas conversam contigo

Fecho meus olhos castanhos e tristes

Sonhadores como a palavra saudade

Herança dos mouros que cruzaram céus e mares

E em ti, ó Língua Portuguesa amada, canto

Canto, choro e rio,

Até Shakespeare sente inveja

Sou o poeta das Tágides

O que ama com teus versos sonoros

Quando falo, canto em ti, língua para se falar de amor,

Deposito ósculos em todas as pessoas

És só o esplendor e não a sepultura

Contigo me imortalizo

Como o brilho da lua

Que, em cada lago, brilha,

Porque alta vive

E, assim, ó lingua amante, acordo Machado de Assis

Que tanto te amou e te enalteceu no purismo da linguagem

E, ao lado dele, sonho contigo, ó lingua amada,

Minha amante mais ardente, Capitu adorada

E equanto tarda o Abismo e o Silêncio,

Tu me consomes

No fogo do teu amor santo e insaciável,

Ó língua sagrada, sagrada língua,

Amada e amante.

Divinópolis, 04.09.08

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 04/09/2008
Reeditado em 04/09/2008
Código do texto: T1161431
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