O MURO E A PONTE
À LUCINHA, MINHA IRMÃ
O poema em queda livre
Água
Cimento
Cal
Areia
Por sobre a terra
Fez-se num sólido silêncio
Um tijolo
Outros e outros
Emparedando
A tua última sílaba
Semi pronunciada
O verbo
O silêncio...
O esquecimento dos tijolos.
Finda o dia...
E um vento
De não sei onde
Vem...
Atravessando o que dele resta
Um poema
Trazendo de pronto mais brilho...
O sol
O caminho da tarde
Que resiste
Morre noite
Pálpebras de noite
Abrindo-se em estrelas
Em brilho...
Tuas palavras grávidas
Ao vento
Parindo este momento.
Agradecido
Beijo o movimento imaginário
Da tua mão
Na alegria
De teres me dado...
Este poema.