NOMES

João

É todo de povo

Anônimos de tantos que são

E vou sendo um deles

Sentindo-me descrito neles

Principalmente quando deles

nada falam

Manoel

Avós que voam abstratos

Mortos

Um de chifre de boi

Na dor vinda de fora para dentro

E o outro

Na dor de dentro

Na dor do peito

De morrer aos poucos

E de peito aberto vou sendo

Manoel também

E Lourenço materno

Vindo do chão

Fazenda e terra

Cortada de rio

Água e terra

Barro

Tijolo

Me assento

E começo a me erguer

Paredes de se conter

E o Pereira do pai

Da feira

Peneira as frases

Farinha

E tudo voa

Do nordeste ao sul

Do que escrevo

Descido de navio e rio

Ponho-me a cantar

Esses nomes todos.

DA MONTANHA
Enviado por DA MONTANHA em 31/08/2008
Código do texto: T1154452
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