CURANDEIRA DAS LETRAS
CURANDEIRA DAS LETRAS
À notável poetisa lisboeta
LUÍZA CAETANO.
O grito português se fez,
A lisboeta poeta
E o som inexprimível
Do lido mas não ouvido,
Do fado inefável
Sobre o oceano Caetano:
Mar calado, assustado, silencioso.
Eu sul,
Ela norte,
Eu “logos”,
Ela escritura.
Luíza sereia,
Luíza Eva:
_ Me diz, me diz, o quê você afinal ouviu nos jardins do Éden?
_ Nem às paredes confesso!
Luíza das coreoGráficas ondas atlânticas,
Que me laçam nas areias,
Que me lançam nas sonhadoras ondas gramaticais,
E as dramáticas beijam meus pés,
Estância do Norte,
Porto de Estrofes!
E no abismo de distâncias,
A distinção da Dona Escritura, triunfante,
E eu, pobre infante,
Rodopio nas espumas dançantes,
Desabo na “différance”,
Dance dance dance Luíza inconquistada,
Disseminadora do mais além, do sem-fim...
Curandeira das Letras!
Vertigem na minha orientação garantidora.
Nauinaudita!
Pandora inquieta, irresoluta,
Da linguagem enfim.
Prof. Dr. Sílvio Medeiros
Campinas, é inverno de 2008.