Lembrança da cidade perdida
Pois que és tu, cidade hoje apressada
Há tanto se fez calada
Obscura nas matas de cantigas e cânticos
Desde lá suprimia os gritos da cidade carcomida
E nos seus cercos e terras afastadas
Espalhava os encantos das danças-lutas sagradas
Exalando os cheiros silvestres das sábias folhas
Minha mãe, Oyá, disse que a pressa está na praça
E mais um santo abre as rodas da minha cidade
Alumia meu oiá e sob as vestes de Oyá
Caminho para onde a mãe-cidade se descobre
Sob as bênçãos dos esconderijos da minha cidade-ventania
A história se emenda ao hoje e aguarda os que ainda não chegam
São eles os já sabedores da pressa da minha cidade
Lugares por entre as folhas de tapete e as que apontam como espadas
Reminiscências das nossas matas de verdes selvagens
Residem nas sabedorias da minha cidade
Os vigilantes da pressa e da consciência terrestre
Os movimentos e as trajetórias diárias
dos escravos alforriados da minha cidade