SEM RIBALTA ( EM HOMENAGEM A TODOS OS POETAS)
Não sei se somos o fardo,
Ou a benção que Deus
Lançou sobre este mundo fraco.
Apenas sei que cá estamos
Como alienígenas entre humanos,
Ora entre as nuvens, ora em abismos profundos,
Às vezes engravatados, às vezes vagabundos...
Não sei se somos anjos humanizados,
Ou se humanos angelizados somos
Se por alguma missão aqui estamos
Ou se estamos aqui por acaso.
Porém, a maioria por ironia,
Vê-nos como, imaginem só: insanos!
Realmente, parece uma loucura,
Falar dos lírios aos canhões,
Dos perfumes, dos mares, dos colibris,
Das ânsias, das grandes paixões!
Chega a ser mesmo uma injúria,
Teimarmos em falar de amores,
Quando não há mais ternura... Só dores!
Existem entre nós, os de mais sorte.
Que se encontram em livrarias. Que ironia!
Às vezes, eles são ouvidos ou lidos... Que alegria!
Até escapam do esquecimento. São eternizados...
Mas nós, os pequenos esfarrapados,
Mendigos anônimos, desvalorizados,
Vagamos invisíveis entre os afortunados!
Gostamos quando nos chamam de poetas,
Mas somos chamados mesmo, é de patetas,
De bobos, palhaços, loucos, bêbados...
Mas não importa. O importante é mantermos as rimas
Em nossos versos, poemas, sonetos...
É estarmos sempre com as portas abertas.
Talvez existamos apenas para isso...
Apenas para ressuscitar a esperança, a luz...
Nem que seja pelo menos, uma só fresta,
Aos poderosos sábios que caem dos pedestais!
28-02-01