Aprendi a ouvir o silêncio, sem cortes

O exercício do silêncio é tão importante quanto a prática da palavra. -William James

60 minutos se passam
Percorro um túnel concretado
É quarta-feira... Paulistana noite seca
Mil lampejos e desejos curiosos

Se repetem, se repelem
Se escutam, se ajudam
Acusticamente chove em cena
Atores se movem, cortes. Cortes...

Tudo é cortado e relata nossa
ceifada vida amoral, fraca,
Sensívelmente abnegada
Somos todos atores fora do palco

E no palco os atores retraram
um cotidiano ríspido e particular
Minha companhia é agradável
Atenta é linda e muito singular

No palco fico desorientado
Porque pela primeira vez depois
De algumas paixões...
Reconheci um raro valor. O silêncio.

A sabedoria estampada nos gestos
Eloqüente comunicação não verbal
Realiza o primor de cativar a atenção
E nos levar a sutileza de barões e soldados

Que atiram em nossos corações
Sem sequer usar um só verbo
A música fala pela platéia
E sentencia o desejo mórbido

Falar, para provar o que?
...O desnecessário? Quem ouve mais,
Sem dúvida nenhuma. Vê melhor!
Palavras valem menos do que o silêncio. Observe.

==
Dedicado ao amigo, ator e jornalista Rodolfo Araújo ao diretor da peça CORTES - Marcus Paulo Tavares e ao agradável sorriso de Milena.
José Luís de Freitas
Enviado por José Luís de Freitas em 31/07/2008
Reeditado em 14/08/2009
Código do texto: T1105608
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.