A FLOR DA SUBJETIVIDADE

A FLOR DA SUBJETIVIDADE

( DEDICADO A HELEN)

Por que não te assumes como Poetisa, Trigueira Flora?

Por que te martirizas?

Por que não dás vazão á sublime centelha da verborragia,

Em tua masmorra sentimental inexplicavelmente detida?

Por que não queres que a tua lídima identidade aflore

Para que possamos enxergar nesta, o pélago da tua fantástica

Sensibilidade? Afinal, para descobrirmos se és infensa, imune,

Contrária á vaga de primaveras apaixonadas: sim, pois nela

Reside a febre de lirismos da índole sumária.

Ah, por que não queres te expor aos reveladores raios da magna Aurora, que, aqui fora, caudalosamente, se espraia dardejante e

Suntuosa?

Não te diminuas:

Saibas que o compromisso compele o poeta.

Sim, sobretudo quando a faísca em molde de reflexão o cinge:

Daí, a tinta da impressão o reveste e a palavra, que pulula na sua Mente, transposta para o fulcro da Cibernética ou da Celulose, Cria uma própria vida, materializa-se, se consuma, se expande e Absorve. É Como se Cavalgasse sobre o lombo de um furtivo Repente. E, ao capturá-lo,

O parnaso se sentisse alegre, leve, contente. Alegre por domar Cavalos alados. Leve por parir cavalos alados. Contente por

Sê-los.

Ah, contente por ser o Pégasus de verbos sagrados, aspurgentes,

Altaneiros!

Decerto a sensibilidade quer-te quando queres;

A espontaneidade de forma alguma habita este alfobre.

Porque tu, ao contrário do que dizes e pensas,

Queres e necessitas sofregamente da primeira:

Sim, pois nesta jaz a resposta. Que resposta? O poema.

Portanto reside aí, a procura:

De quem?

A dela, a tua!

Claro, aí deita a vossa relação mútua.

Flor, Flor, Flor:

Não sejas tão-somente Flor bela,

Mas também a Florbela. A Flor bela

Que, deflagrando, lacera...

Que, se entregando aos braços do masoquismo,

Espanca a dor, a mágoa, a festa

Das amorosas venturas funestas.

Ah, Florbela,

Por favor, te assume como parnasa.

Ah, Florbela,

Eu imploro, mostra-nos

Que, ao mundo, poetas, parnasas.

Sejas, então, simplesmente, Poeta!

Sejas, enfim, a Maestrina Maior da Lírica

A reger a Mabiosa Orquestra com o bastão de doces lufadas

Etéreas.

jessé barbosa de oliveira