GOIABA, GOIABEIRA, GOIABADA
GOIABA, GOIABEIRA, GOIABADA
Numa fazendola longínqua,
Situada num quase remoto rincão
Do interior paulista,
Moram quatro sábias senhoras anciãs:
Ah, pela caudalosa melanina que encharca a pele e pelo
Córrego vermelho que flue, transborda e deságua
Na argila de seus átomos, afáveis e ternas irmãs.
Não sei ao certo
O nome de batismo delas. O certo é que por isso o concebo Conforme fosse rebento meu, poeta. Portanto chamo-as de Marcelina, Joaquina,
Hilda
E Maria Angélica da Anunciação: todas elas, doces pretas Moçoilas
a viver em comunhão jucunda,
Harmoniosa coabitação.
Sim, na liça, Na labuta, na lida,
Na luta desde cedo,
Aprenderam que o labor era, sempre fora
E continua sendo seu marido primeiro. Assim, como bem quisera
O transcurso do tempo, a vida destas passou até chegar ao Presente
Momento: sim, com efeito, envelhecendo sem casamento.
Oh, mas
Nada de tristezas! Por quê? Porque nada as deixa mais felizes
Do que o fruto da goiabeira transformada em goiabada
Caseira. Ah, goiabada boa é essa, a artesanalmente feita:
Vendida á porta de casa para turistas, ela, de quebra,
A modesta renda complementa.
Ah, amo aquelas carinhosas, Serenas Realezas afro-brasileiras tão rusticamente
Pitorescas. Sim, Amo-as como
Uma goiaba-goiabada açucaradamente
Verdadeira.
AH, GOIABADA, GOIABA, GOIABEIRA
AH, GOIABEIRA, GOIABA, GOIABADA
AH, GOIABADA, GOIABEIRA, GOIABA!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA