DE VOLTA A SEU CATIVEIRO

DE VOLTA A SEU CATIVEIRO

Se pudesse, contemplaria

novamente aquela alva face da hipocrisia,

indagar-lhe-ia se já está a sentir

o eco lancinante do remorso pelos delitos perpetrados

que afloram e grassam vivazmente em seu jardim

de sentimentos sepultados.

Ah, se houvesse ensejo,

questioná-la-ia a respeito do seu rincão íntimo:

lugar onde despeja as razões e a causa que forjam seu estilo:

suas mágoas, frustrações, a célula malsã

que cancerara o seu personal organismo.

Sim, desnudá-la-ia, se condição tivesse,

até a última camada

para saber finalmente quem você é de verdade.

Então, observaria o desespero

brotar do seu semblante não mais altaneiro,

porque sua pessoa saberia que eu penetrei o seu eu:

sim, que desvendei seu infame segredo.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA