SENHORES DO AR URBANO
SENHORES DO AR URBANO
Sobre horizontes de ferro,
Vicejados no solo do ranceniásico reino da garoa,
Trabalham filhos errantes de todos os brasis:
São pássaros que deixam seu ninho natal
Para erigir castelos, escudos e auréolas de aço
De maneira a fortalecer, guarnecer e ornamentar
As nossas selvas de pedra, além de derramar
Infindáveis córregos de vis-metálicas alegrias
Na boca dos estupradores da Rainha das pátrias sem soberania.
É de se impressionar a tamanha intrepidez:
O medo da fome, da desonra, da contemporânea languidez
É o combustível para que estes Homens
Suplantem o torpor, os soturnos
Pensamentos
E queiram ser a companhia íntima do cume maior de todas as montanhas,
Inclusive as de cimento:
Quem é ele?
O Firmamento!
Ah, agora sim, eu posso dizer com transbordo de contentamento
Que de fato existem grandes criaturas,
Pois naquelas humildes almas,
A minha medíocre e vã pessoa
Contempla a fronte de fluorescência dos manarcas das augustas alturas
Em evidência.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA