A visão dos cegos
O objetivo da nossa crônica é a inclusão dos deficientes visuais no estudo de filosofia com a tecnologia da informação, com o objetivo de uma ação mais representativa.
De aproximação das instituições de ensino superior com os gestores e educadores em todos os dos municípios brasileiros, para disseminar e fortalecer a política de educação inclusiva.
Trata-se de uma explanação com profissionais da educação e áreas afins que abordam a educação especial na perspectiva da educação inclusiva.
Ao fazê-lo, expressam os pressupostos filosóficos, legais, históricos e pedagógicos, contribuindo para qualificar a reflexão acerca da necessária transformação do sistema educacional em sistema educacional inclusivo.
Algumas razões motivaram este trabalho, entre elas ressaltamos o entendimento.
De que a formação continuada de educadores constitui-se em um processo permanente que necessita ser continuamente atualizado à luz de novos desenvolvimentos Teórico-conceituais.
A inclusão social e educacional só se efetiva quando a escola abre suas portas a todos, sem discriminação, permitindo o acesso ao conhecimento com igualdade de oportunidade.
Desejamos que este material represente mais uma possibilidade para que os educadores Brasileiros possam avançar no debate e no desenvolvimento de práticas educacionais acolhedoras, tornando a escola um espaço de participação efetiva e construção do conhecimento.
A visão dos cegos
Diferenças na utilização do cérebro, observadas entre leitores de Braille, trazem nova luz ao estudo do processamento mental da linguagem.
Quando lemos palavras como Sol ou estrela, que imagem mental associamos a estes sons e a estes significados?
Depende um pouco da forma como os construímos mentalmente, mas não há dúvida de que sempre que lemos estas palavras, o nosso cérebro vai ao «sítio» das imagens para localizar as que lhes correspondem.
E quando o leitor é cego?
A expectativa é que as áreas do cérebro envolvidas na leitura sejam diferentes, no entanto, para surpresa dos investigadores, os cegos congênitos, quando estão a ler Braille, usam as mesmas áreas visuais do cérebro que as outras pessoas que perderam a visão em diferentes fases da vida - e que por isso dispõem de memórias visuais que podem ser associadas ao uso de muitas palavras -, mas fazem-no de forma diferente.
A Tecnologia da Informação do Ensino de Filosofia para portadores de deficiências visuais.
O que muda na vida de um deficiente visual com a tecnologia de computação.
A modificação das relações entre deficiente visual e a educação filosófica pode ser definida com uma única frase:
“um cego agora pode escrever e ser lido e ler o que os outros escreveram".
Explicando melhor:
a) a leitura e escrita das pessoas cegas, tradicionalmente, se fazem através do sistema Braille. Entretanto, raríssimas pessoas que enxergam conseguem ler ou escrever Braille (muito menos com fluência). Isso isolava as pessoas cegas num gueto cultural: um cego só escrevia para outro cego ler.
b) ao precisar ler um texto com escrita convencional, era necessário alguém que traduzisse para Braille ou lesse o texto, provavelmente gravando em fita cassete.
c) embora uma pessoa cega pudesse escrever à máquina, o resultado quase sempre era ruim, pois era muito difícil corrigir ou escrever um texto, parar e depois voltar a escrever.
A tecnologia de computação tornou possível o rompimento dessas barreiras e muitas mais.
Com o uso de "scanners", o cego pode ler escrita convencional (datilografada) diretamente.
Um texto grande em Braille demorava horas para ser criado manualmente. Hoje demora minutos com o uso de impressoras Braille.
Através da Internet, qualquer documento de qualquer parte do mundo pode ser transmitido com um mínimo de esforço e custo muito baixo, e traduzido para "qualquer" língua. Desta forma, um texto do New York Times pode ser lido por um cego em português no mesmo momento em que o jornal sai nos Estados Unidos, em inglês, usando a tecnologia de tradução da web (ainda incipiente, mas com rápido aperfeiçoamento).
Os limites são muito mais amplos do que se possa imaginar: instrumentos eletrônicos podem ser conectados ao computador, e um cego consegue fazer arranjos orquestrais e imprimir partituras; um cego pode andar sozinho pela rua, guiado por um computador acoplado a um sistema de posicionamento global (GPS); um cego pode até mesmo desenhar, usando o computador.
Em síntese, o acesso à educação filosófica atinge níveis espantosamente melhores do que há poucos anos atrás.