DEZ VIDAS
Passou tão rápido, agosto,
e a primavera chegou como sempre
em setembro, e assim já estamos
no outono com ameaças do inverno,
e agora como vou me agasalhar
do frio de tua ausência?
Já não existe um minuto de paz,
tudo se transforma em desespero,
em recordações, e nesses momentos
sou abraçado por um vulto
que fustiga minha alma no sentido
de recomeçar, quando tento ser
feliz mesmo vivendo em plena solidão.
Existência intranquila, conturbada
e ainda que não ouça e nem saiba
o que sinto indago, como viver no abstrato
se eu existo pra te amar
e se trago ainda a lembrança
do gosto do beijo que me deu ?
Não sei mais conviver com essa
imagem ilusória, suportando o
sufocante silêncio que se
instalou acabando com nós dois.
Mas mesmo assim e ainda que
que para a eternidade somarmos
apenas fracassos reconheça que se
dez vidas tivesse, dez vidas
daria-te de presente....
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