Do Amor Que Me Habita
Do Amor Que Me Habita
Desato-me dos nós do silêncio
Não me percebo em comedimentos
Nada entendo de estancar minhas vontades
Preciso do transbordar da palavra
E ela pode vir através dos lábios de um olhar
Ou pelo idioma silencioso das mãos
Não sei ocultar os arrepios
Que invadem meus olhos
Quando me vens ao pensar
Apraz-me esta amorosidade
Que me habita a alma, a pele
E que não me permite emudecer em deserções
Extasia-me este explorar da afetividade
Que corrompe minhas resistências
Inebriando-me a calma, a sensatez
Desaprendi de calar ternuras
Nos sótãos dos adiamentos
Não evito os sorrisos que me chegam
Quando estendo minhas carícias de sol
Nas brumas de tuas hesitações
Agrada-me perceber a emoção
Em cada extremidade do meu corpo
Quando é a saudade de ti o meu percurso
O amor que há em mim, intensifica-se em caminhos
Que se alongam para que mais ainda eu te anseie
Esqueço dos meus mapas em tuas mãos
Para que me decifres em passos sem pressa
Porque todos os meus destinos te aguardam
Rendo-me aos sussurros
Que te falam das minhas entregas, dos meus quereres
Há em mim uma voz inquieta que se esparrama
Ora em beijos, ora em abraços
Tenho em minha boca uma sede perene
Que se dobra impunemente à taça do sentir
Vive em mim uma brisa que se deixa apenas soprar
Se me abres teu coração, assentindo minha presença
Apetece-me os incêndios que provoco em teus frios
Ouvindo a respiração trêmula do teu desejo a me buscar
Mostro-te a vida do alto dos meus sonhos
Provocando as tuas vontades súbitas
Que se entreolham nos precipícios de tuas fugas
Oferto-me para povoar os teus tantos vazios
É no aconchegar do teu estar em mim
Que se desenha a liberdade no céu do meu peito
Lanço-me em sentires fartos e impulsivos
Retirando da minha vida as tolas portas e janelas
Que mantinham trincos, travas e chaves
Inquirindo-me sobre o pulsar e o habitar deste amor
Que sempre prescindiu da tua chegada e dos teus sins
Amo-te simplesmente
Sem que me precedas em atitudes de entrega
© Fernanda Guimarães