Poesia fingida
Quem é esta estranha,
que pousada à janela surpreende-me
e faz cantar às primeiras horas do dia?
"Não vês que a mentirosa poesia
Quer atear fogo,
Acender um falso brilho!"
Eu sei minh’alma...
Mas deixa-me ser desta obra
mais que prima!
Mãe, irmã
ou a pobre vã estrofe
de um refrão barato!
Que eu seja a rima menos forte!
Pois ainda que falso
o amor que em mim promove e desatina
vem como clave de sol em triste inverno
Cravada ao peito...
E ainda, que me minta esta euforia
Doa-me a paz
E a poesia fica divina!
(Marisa Rosa)