O QUE ESSE AMOR FEZ COMIGO?
Mudou a face das minhas emoções, me devolveu ao paraíso;
Multiplicou as estrelas de meu céu e o fez bem mais vernusto em teu olhar;
Robusteceu meus surtos ázimos com alegria, desenrugou o meu sorriso;
Fez o homem dos fartos vernáculos, vencido, se calar!
Tomou um ser crescido pelas mãos e deu-lhe aos comandos da infância;
E o seu vislumbre preso às imensidões, agora discerne cores e grãos;
Seus firmes estados de desconfiança receberam-te sem relutância;
E todos os seus impulsos enjaulados tornaram-se feitos temporãos!
Desmereceu as rígidas sentenças da lucidez e escarneceu do logicismo;
Parou o mundo para encenar as mágicas cenas de seu afeto;
Tornou o arauto das mínimas atenções num prisioneiro do autismo;
Convenceu-lhe da inferioridade do óbvio ante o paradeiro incerto!
Apareceu nas minhas madrugadas e adoçou a fuga do meu sono;
Proibiu-me de ver feiuras e horrores, porque me ensinou somente a ti olhar;
Ofereceu-me prova de tantos mitos, harmonizou todas as notas que entono;
Em pleno, vasto e árido deserto, me proporcionou um banho de mar!
Agora eu já não raciono as riquezas emocionais a que devo distribuir;
Sou o vento que agita tuas ondas, pra não deixar dormir o teu ardor;
Sinto algo a desencarnar-me de tudo que houvera sido até aqui;
Sinto-me alquebrado e refém, impossibilitado de fugir a esse amor!!