O QUE ESSE AMOR FEZ COMIGO?

Mudou a face das minhas emoções, me devolveu ao paraíso;

Multiplicou as estrelas de meu céu e o fez bem mais vernusto em teu olhar;

Robusteceu meus surtos ázimos com alegria, desenrugou o meu sorriso;

Fez o homem dos fartos vernáculos, vencido, se calar!

Tomou um ser crescido pelas mãos e deu-lhe aos comandos da infância;

E o seu vislumbre preso às imensidões, agora discerne cores e grãos;

Seus firmes estados de desconfiança receberam-te sem relutância;

E todos os seus impulsos enjaulados tornaram-se feitos temporãos!

Desmereceu as rígidas sentenças da lucidez e escarneceu do logicismo;

Parou o mundo para encenar as mágicas cenas de seu afeto;

Tornou o arauto das mínimas atenções num prisioneiro do autismo;

Convenceu-lhe da inferioridade do óbvio ante o paradeiro incerto!

Apareceu nas minhas madrugadas e adoçou a fuga do meu sono;

Proibiu-me de ver feiuras e horrores, porque me ensinou somente a ti olhar;

Ofereceu-me prova de tantos mitos, harmonizou todas as notas que entono;

Em pleno, vasto e árido deserto, me proporcionou um banho de mar!

Agora eu já não raciono as riquezas emocionais a que devo distribuir;

Sou o vento que agita tuas ondas, pra não deixar dormir o teu ardor;

Sinto algo a desencarnar-me de tudo que houvera sido até aqui;

Sinto-me alquebrado e refém, impossibilitado de fugir a esse amor!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 19/05/2008
Reeditado em 31/07/2009
Código do texto: T996285
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