BILHETE DE AMOR
Vasculhei minhas gavetas,
entre meus guardados empoeirados e mofados pelo tempo,
encontrei um pedaço de papel amarelado; era um bilhete de amor.
Amor que se foi, que há muito deixou de ser, amor que se resume a pó, a vestígios esferográficos.
As juras eternas, os sentimentos derramados
tornaram-se estanques.
As promessas, os sonhos, os planos se foram, o futuro, hoje é pretérito mais que perfeito: etéreo, fluído, desmaterializado, desintegrado; movimento preciso que transforma tudo em nada.
Subserviente à dinâmica da criação, desaparece com um sopro que o vento levou..., vento que leva o existir e tudo que o compõe: cada vértebra, cada plasma, cada frêmito lascivo.
Tudo passa..., um minuto, um momento, uma hora, um dia, uma década, uma vida...
O tempo tudo cala e o amor se recolhe.