Refúgio da Saudade
Refúgio da Saudade
No murmúrio dos olhares
Cumpre-se o desígnio secreto
É no silêncio que se refugia
A confissão do amor desmedido
À minha volta apenas a ausência
O respirar sorrateiro da saudade
Evocando-te em meu peito
Deito o olhar no horizonte
No espelho da mesma paisagem
Que tanto sabe e reconhece
O despir deste amor
Profano e sem qualquer contrição
O refletir do mesmo ritual noturno
O pensamento recostado
À solidão da espera
Nos lábios, palavras sob véus
Resignam-se à voz da lucidez
São as mãos que acolhem
O desamparo, o eco do lamento
O desalento e meu rosário de versos
É sempre imensa a noite
Se me calas o significado
De todos os meus gestos
© Fernanda Guimarães