Alvorecer de Maio
*
Vem cá minha menina, não me olhe desse jeito
será que não percebes que já amanheceu?
Todas as estrelas, rumaram em cortejo
o que era morte, foi na noite
e o que era triste, já morreu.
Senta-te, não chore, deixa cá eu te ninar
não cabe acalanto se não puderes sonhar
não diga que és tola ou que o passado te envenena
é claro e lá fora já é outro rio a cantar.
( será que não ouves?)
Dá-me tuas mãos de branca seda.
Dá-me teu olhar, calado assim,
que me contém
Que todos os teus medos são tão meus
- são tão meus! -
Que essa brisa rouca
não os leva quando vem.
E quando anoitecer
que só reste teu perfume
neste campo, neste sonho
e na voz deste cantor
De nada vale a vida sem a lágrima perdida
que ao molhar teu véu insiste
em desnudar tua antiga dor
Sabe lá quantas das águas
nesse rio que há muito existe
são choros de antigas
dores e mortes invisíveis?
( Enlacemos nossas mãos, não fiques assim tão triste)
(Jessiely Soares)