AQUELA VOZ
Era uma vez um desmotivado par de ouvidos, perdido em meio ao silêncio e ao vazio;
No seu mundo frio, entradas e saídas de indiferentes sentenças;
Na sua presença um coração sem rumo, sem voz e sem brilho;
Andando pelos trilhos da esperança, de algo lhe renovar a existência!
Era uma vez uma voz, que pairava acima das exuberâncias;
Aprisionada ao injusto destino, dentro de suas torres complacentes;
Presente nas poesias, ela era a cor das apaixonantes significâncias;
E em todas as instâncias, produzia doçura de suas fontes latentes!
Apresentados pelo acaso, entrelaçados pelo soneto;
Voz prisioneira e ouvidos sonhadores, puderam se encontrar;
E falou-se o que nenhuma rima poderia falar, tal como sol e lua em dueto;
Como ondas a buscar areias, propondo-lhes o mar do amar!
Aquela voz agora reina em vívidas e diárias recordações;
Caudalosas emoções, generoso suflê de intensa sedução;
Jamais se fecham os ouvires, ao persistir de tamanhas sensações;
Como embriões gestados pelo orgasmo, de uma óbvia sintonização!
Que sejam despedaçadas, as grades que lhe prendem à obsessão;
Que sua necessidade de amor, sacie-se do pão que lhe proveu o destino;
Porque a racionalidade do temor, é mais inconsequente que os impulsos do coração;
E a lógica da felicidade pode esconder-se, numa paixão em desatino!!