“SÍNDROME DO CORAÇÃO PARTIDO”
Estou num quarto: hospital !
Aguardo: vêem-me buscar
Para um procedimento, do qual,
Não tenho medo enfrentar.
– Mas, entretanto, receio,
Que o mundo, de permeio,
Descubra o resultado final...
Que é uma história tão banal...
– “Síndrome do coração partido”...??...
Terei como recolher
Tantos cacos coloridos?...
Espalharam-se, empurrados
Pelo vento Minuano,
Que vêm de todos os lados,
E impera, soberano,
Nestes campos do Rio Grande...
Há um músculo batendo...
Fragilizado... e sofrido...
– De mil sonhos esquecido...
E muito mais que matéria
Há uma mágoa que é etérea,
Volátil... subsumida
Num sofrimento da alma
Que não tem como achar calma...
Soluça,
sacode,
emerge,
Fragmentada em pedaços
De pequeninos mil cacos...
De cristal...
Partido em mil...
“Cacos”: impossível juntar
E, muito menos, colar...
(Sempre algum fica perdido!)
– Não é possível achar...
Chegam os “anjos de branco”
Levam-me à sala da dor.
– E eu... só queria o amor!...
– Que importa o coração
Material e descartável?
Para ele há transplante...
Para ele há solução...
Esta dor insuportável
Tem outra dor que a suplante:
– Tem a dor da solidão...
O corpo se recupera.
Mas a alma...Oh! Quisera
Recuperar-te!...
...É em vão!...
Se dez vidas eu tivesse,
As dez eu te ofertaria
E nessa oblação de prece
Sofrimento acabaria...
Não iria mais sofrer...
– E quando sentisses, de manhã, a brisa da madrugada
Saberias, pelo meu perfume confundido com a brisa,
Que nela eu te estaria,
A te beijar
Para sempre,
Em um sempre novo
Amanhecer...
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