Segredos
Já imaginaste alguma vez se estes olhos que fogem dos teus não desejam, na verdade,
repousar eternamente em tua face?
Se o desprezo alheio que a teu orgulho fere
não é apenas disfarce?
Se os mesmos lábios que evitam te dizer palavra
não anseiam por um beijo teu secretamente?
Se a mesma voz a qual jamais ouviste
pronuncia teu nome quando tu não estas presente?
Se o rosto que te fita com cruel indiferença não está
buscando em tua expressão esperanças para um amor oculto?
E ao passar por ti finge cegueira por temer
que estes estranhos sentimentos te soem como insulto?
Ah, quem dera pudesses ouvir ao menos por um
segundo as declarações mudas que te fez;
Compreenderias então este amor silencioso
que, de tão secreto, mais parece insensatez.