CARTA ABERTA À DONA DO POETA

Por entre aplausos e assédios, o teu poeta nunca te perdeu de vista;

E em seus haréns platônicos, nenhuma diva é comparada a ti;

Ele acalanta seus devaneios, mas de seus anseios, profundamente dista;

Nas entrelinhas sempre te evoca, pra não te ver partir!

O teu poeta sabe mensurar até aonde pode ir;

Ele projeta luares nos corações, mas é no teu que amanhece;

Noutros ele fala de paixão, mas no teu a faz sentir;

Àqueles ele guarda com carinho, mas deste ele jamais esquece!

Ele discerne humildemente, que são névoas aquelas fascinações;

Que as luzes desse espetáculo, logo se apagarão no escuro teatro vazio;

Por isso calcula teu poeta seus passos, e não subestima as intenções;

Aquelas ovações lhe são gotas, mas teu amor é rio!

Que o teu perdão viva a santificar, seus surreais percalços;

E no teu cólo, ele encontre afeto genuíno e com despretensão;

O teu poeta, por teus beijos, cruzaria o mundo a pés descalços;

Àlgumas fomentou fugazes prazeres, mas a ti legou o próprio coração!

Então solte as amarras do querer e detenhas o ciúme injustificado;

Quando assaltado o teu fervor, faça com que repense;

Porque o teu poeta, nem pra si mesmo se tem dado;

Vive emprestado aos sonhos femininos, mas em verdade, é a ti que pertence!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 15/05/2008
Reeditado em 21/07/2008
Código do texto: T990583
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