Entre os cafunés...
Teus versos tão bonitos
Burilados, bafejados, sussurrados
Entraram em meus ouvidos...
Como sopro de uma brisa
Acalentando veias e ossos
Fiquei em estado de encanto...
Como se as palavras roçassem
Dos pés à cabeça... tocassem!
Em carícias suaves e delicadas
Inebriado estou... como gato afagado
Rosnando...espreguiçado pra todo lado
Meio tonto...’troncho’... abobalhado
Pêlos eriçados entre bocejos
Foram letras repletas de beijos
Solfejos de mil desejos
Que do sol... à lua...tudo brilhou!
Nuvens sorriram...gotas de orvalho caíram
Flores abriram e pássaros cantaram
Tudo verteu fantasia e poesia...
A noite se fez dia de alegrias
Árvores, montanhas, planícies
Paisagens, cidades, miragens
Orquestras tocaram sinfonias
Queixos caíram...bocas se abriram
Sentindo...inalando o teu perfume
Multicores desenharam esplendores
Colorindo, esculpindo os amores
Esquecidos dos queixumes e dores
Descobertos os caminhos e veios
Fulgurando horizontes distantes
Saciando a saudade das ausências
Lambidas as emoções e carências
Embebido no suco da fruta e da labuta
Degustadas as sanhas e suas manhas
Que gotejaram de minhas pálpebras
Da abelha... mel escorrido das favas...
Adocicaram meus lábios salgados
Dinamitando todos os meus enfados...
Fazendo o vulcão interior cuspir lavras
No carinhoso ensandecido movimento
Realizando sonhos...matando lamentos
Que sentimento gostoso e sem protocolo
Planastes... da tua alma... à tiracolo...
Agora já posso alçar vôo neste solo
Embevecido ao encontro do teu colo
Sem teias de aranha no sótão...
E nem o veneno das lágrimas
Adormeço em teus braços...
Já pulsando o enlaço dos abraços
Hildebrando Menezes
Obs: Inspirado no vídeo ‘Cafunés’ da Enise
http://www.youtube.com/watch?v=4i88NQ-yFgo