LIBERTA MEU CORAÇÃO

Ajude-me a ser menor que as extensões do que hoje sou;

Para que eu possa me recompor às dimensões do que eu era;

Dá-me chances de ter no peito outro efeito que não seja essa dor;

Se não me podes dar amor, me dê o céu anterior à tua atmosfera!

Faz com que teu canto não me envolva mais em sonhos;

Que meu olhar não veja teu sorriso e dele possa se esvair ;

Renuncie ao despotismo do teu amor sobre meu mundo tristonho;

Acata o meu clamor, pra que de ti me seja possível o íntimo despir!

Adota meu silêncio, pra que nas madrugadas eu não grite que te amo;

Reeduque meu paladar, pra que meus lábios não umedeçam de sofreguidão pelos teus beijos;

Não te faças mais presente na morna água com que me banho;

E finalmente, me olhando no olhar, diga que são vãos os meus anseios!

Em nome de meu viver, contempla a gravidade desse paradoxismo;

Porque não posso mais agir em prol do fim de tudo que em mim se eternizou;

Vem sepultar a minha crise, e espancar minha paixão com teu indiferentismo;

Pra que liberto de sua utopia, voe iludido meu fracassado amor!

Já que em verdade me possui o que eu não posso possuir;

Se o infinito se faz menor que as minhas possibilidades;

Que te despeças do meu coração e o permitas ir;

Longe de ti, habitando os frios cumes dos montes das saudades!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 12/05/2008
Reeditado em 24/07/2009
Código do texto: T986335
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