Dualidade
Dualidade
amor ambíguo
que machucas e lamentas
e
gracejas e tanges a realidade de
sonhos quando
bebes em minha boca
e
em pedaços me trituras
ao expelires palavras des-
conexas e escapas
o ardor enfraquecido
a luz indecifrada no olhar
o corpo frio
– pedra pedra pedra
amor ambíguo
que me queres com fúria
carinhos indisciplinados
a navegarem em meu território
e
te enlutas
transitando soturna
fugindo de carícias e
me abates com
pesados silêncios
– um vazio um vazio e
me matas lenta lenta implacavelmente
amor ambíguo
que exibes triunfante a
lua cheia e
com a língua entre os dentes
sugeres sempre mais e mais e mais
– avidez inesgotável
e me obrigas a vadiar por
ruas sombrias
falando a esmo
pensamentos conturbados
ponto de partida e
de chegada
amor ambíguo
que te ofertas
acessível transparente e
me apresentas o céu sem nuvens
azul azul azul
e
te afastas ressentida
inconseqüente e
mutilas e
e apontas o purgatório
amor ambíguo
o fluir e o estagnar
a firmeza e a hesitação
o elogio e a crítica
o entusiasmo e a angústia
és
apesar de,
o meu único e
integal