ENTREGA

Inusitado demônio

que nos viaja.

Centelha

nos lábios, alva pelve

palpitar da entrega.

Cabelos, serpentes verdes

raízes enlaçadas

roçando o sensitivo cerne.

O mar, capela sacra do desejo,

vai batendo escolhos, batendo

sobre pedras e musgo.

Aqui vida ressurge,

efêmera como um raio,

ao pé do lugar em que estamos

em qualquer lugar.

- Do livro O SÓTÃO DO MISTÉRIO. Porto Alegre: Sul-Americana, 1992, p. 74. Formato do texto revisado.

http://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamor/98351