AS LINHAS DA CALCINHA

AS LINHAS DA CALCINHA

Marília L. Paixão

Lá fora corre a brisa

Troquei a calcinha

Estava molhada e nem chovia

Sequer estava no varal

Culpa da carne

Do açúcar

E do sal

Que nunca sei onde está

... meu amor.

Também não vou lhe mostrar essa nova calcinha

Que é para você não molhar como fez com a outra

Que onde moram as outras você também mora

Que onde guardo as outras, também lhe guardo

Existem amores que não são de carnavais

Existem dores e Dolores das marchinhas

E outros maravilhosos odores compartilhados

Como em dança de um único par

Existe céu de nuvens, rio e mar

Três palavras que adoro escrever

Como o tanto que amo você

Mesmo sem molhar a calcinha que vejo linda por essas linhas

Já imaginou uma rua de calcinhas molhadas

Por sua presença amada?

Já imaginou um céu de braços lindos como os seus?

Já imaginou sua fronte serena e branca gotejando sobre a fronha?

E eu?

O que seria de mim sob seus braços?

Sob seu corpo tão tranquilamente sul e norte

Adorando ser dono do meu?

E eu?

Sobre seu corpo tranquilamente forte

Sobre seus braços estupidamente tranqüilos

Adorando me fazer passar por dona sua?

É...sobra uma calcinha toda pura

De mim e você

Sobra um poema por fazer e refazer

Enquanto ela tenta nos escrever por essas linhas.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 09/05/2008
Reeditado em 11/05/2008
Código do texto: T982076
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