Consumir vozes tem a ver comigo
Me olhas e sugeres
que fique de braços cruzados
trançando palavras
em apaixonada defesa,
confiando em que minha posição
de rainha destronada
não esteja próxima ao pateticismo?
Quem é o "dómino" e quem, o escravo?
Se danço em meu potencial de fêmea
alheia à saída do movimento
e minhas queixas se esgotam
em tua dança-identidade.
"Que não sou religiosa" dizes
E o que é esta demonstração exacerbada,
evangélica e eclesiástica
de repressão;
inédita resistência
de inclusivar-te, emergir-te
e reivindicar-te como senhor... grande?
Não posso mudar minha expansão
e a tua desponta
como a safra amarelo-dourado-vermelha
dos grãos.
Muda, despe minha surpresa
e ainda que contenha em mim
à vítima,
Sugeres que fique de braços cruzados?
Que qualidade ensaística?
Que visão esquemática sugeres
senão imolar-me em sacrifício,
religiosa e pagã,
Miriam e Bacante
até que possuas
o conhecimento de ti mesmo?