O AMOR DO POETA
O poeta é um engador, um farsante, um dissimulado.
O poeta finge ser sua a dor que não sente,
Toma pra si um amor que não tem,
Engana a quem sofre que sofre também.
O poeta brinca com a dor,
Responde a todas as exigências do amor,
Pega a história transforma em estória emoldura de flor
E vende aos outros sua pérfida mentira brincando de amor.
O poeta não tem coração.
Egocêntrico, fajuto romântico vendedor de ilusão,
Faz pouco da vida, faz pouco do outro, faz pouco do amor,
Condensa a fadiga, transforma feridas em simples canção.
O poeta confina onde não cabe,
Falseia a liberdade,
Mente que transforma,
Diz imolar-se enquanto outros ardem na fogueira.
O poeta e possuidor de um sofrer fingido,
De um querer puído,
De um entregar-se protegido
De um coração integramente partido...
O poeta é um fingidor do amor, da dor...
É um ilusionista da beleza.
Reveste de beleza o que não tem
Porque, realmente belo é só aquilo que lhe convém.
E nós, amantes da poesia, apaixonados e crédulos
Pelo amor do poeta, heróicos sofredores de amor,
Abnegados, doados, doentes, dementes, caminhamos crentes
Que só o poeta explica o amor da gente,
Enquanto isso, o poeta rir.
SUSANA MARIA 20/01/2008