Sonhos de nós
Não me procures nas sombras das paredes,
nem nas pedras urbanas da calçada;
o meu caminho flui nas praças verdes
e no poema encontro a minha estrada.
Poderás, se o quiseres, ouvir a voz,
a prece a meus deuses ou a promessa;
desenho a carvão sonhos de nós,
perfis que o vendaval me arremessa.
Busca-me nas fendas dos murais,
ou na estrela, que te acorda pela aurora;
os meus dedos translúcidos são caudais,
rios quentes a escrever pela noite fora.
Poderás, se quiseres,olhar a Lua,
procurar no seu halo encantamento,
rasga os muros e as paredes da nossa rua
e pensa que és meu nesse momento.