A volta
De longe, voltei.
Voltei porque mais ficar não pude.
Aqui, neste canto escondido,
Pode a lágrima rolar, se presa.
Sem pressa, molhada
Do aceno, roubei o riso.
Um flerte, confesso, corrompido.
Mas o riso de que o flerte
É bem mais que riso, é encanto.
Voltei pras dores curar
das feridas que em mim haviam
Do pranto, lamento triste,
Com bálsamo do amor perdido
Nada sei – nem se há cura!
Nada espero – que loucura!
Se volto, é porque quero
Amar de quem o riso – espero
Mas se volto, nem amar sincero
Posso da flor esperar
Voltei, sim, como fui:
sem lua, nem estrela.
Mas com dor, com pranto.
Amargura
Se volto, é porque
espinho tenho na carne.
Que consome, que dilacera,
que de mim faz escárnio.
Mas há o aceno, o riso
que ungir a mim podem.
Porque onde estava
Ficar não podia – doía!
Agora, o céu me resta.
Pra onde olhar irei.
Voltei por amar,
Mas, bem sei, voltar não podia.