Acalanto de uma noite

O vinho se inebriou de mim

o fogo se esquentou de mim

e ela se tornou o meu vinho

e o meu fogo...

Cheiro a noite entrando pelas frestas

junto ao vento frio que nos visita

embalada por violino e batuques da noite

que preenche o silêncio

deixado pelo vazio que nos chegou

Sentada à lareira

assiste à dança do fogo

Que estala espelhando fótons de luz no seu rosto

Que parece morar em algum lugar

Outro lugar que nao esse

Outra casa que não essa

Outro homem que não esse

Outros, dormiam seus dias

Dormiam seus cansaços

Dormiam seus afazeres

Dormiam de mim e dela

Que também dormiria de tudo isso

Se não tivesse o violino

O fogo

A janela

O vinho

Talvez, eu

Calaram-se o vento

O violino

O fogo

O vinho

A janela

Casa toda também dormiu

Com exceção de suas mãos que tocavam, ainda, meus cabelos

O vinho se inebriou de mim

o fogo se esquentou de mim

e eu me tornei o seu vinho

e o seu fogo...