BALADEIRO D' AQUÉM ATLAS
Tiveste uma visão do teu Orfeu cantor,
visão artística mas não de coração,
que para tanto meu engenho não dá, não,
porquanto não cairei jamais em desamor.
Sou baladeiro, toco e canto com ardor,
para a minha Euridice em seu vergel-mansão,
quer dedilhe à guitarra ou mesmo ao violão
atraindo p’ ra mim seu delicado amor.
O vento me trará do outro lado do mar
as marcas da esperança deste meu cantar
sem qu’ as ondas de espuma possam fazer dano...
Escuta, minha amada, as trovas do meu grito
que da minh’ alma saem pr’ além do infinito
no horizonte sem fim do temeroso Oceano!
Frassino Machado
In RODA VIVA