Viajantes das águas
Lentamente o barco deslizava
Sobre o afluente do Amazonas,
“O shop ambulante”, onde tinha
De tudo, até o amor de antes.
A calmaria era reinante, mas
Os tripulantes mostravam-se
Inquietos, vendiam e não recebiam
Até dos mais corretos pagantes.
Descontentes, credor e vendedor
Um ficava e outro partia para tentar
Um novo dia naquele barco
Flutuante, um ninho de amor.
Aparentavam-se sobrevivências
Sofridas, comerciantes e ribeirinhos
De garantias desprotegidos, um levando
Do milho o amido, ou outro comprando
Com o dinheiro que talvez fosse perdido.
Desgosto estampado no rosto, talvez
Pelo o tudo que havia vivido, semblante
Humilde, mas o amor rondava o “Shop"
De Haroldo e Hiranildo, bravos comerciantes.