Riquezas de amar
Estava cá eu jogando um gamãozinho na net prá esfriar a cabeça,
lembrança das tardes quentes do Pihawai,
entardeceres de seres para aquecer meu coraçãozinho jovem,
quando às portas e varandas meu pai jogava gamão na alegria.
Lembrança de ti, às portas e varandas, jogando gamão com o irmão,
na alegria caliente dos teus tesouros afetivos.
Que inveja eu de tuas riquezas,
que não se gastam e antes multiplicam de tanto uso.
E um sorriso maroto assomado aos lábios na indagação,
não ao espelho, espelho meu, mas aos meus botões do gamão e da blusa: como esse belo diz que não tem lá muita coisa ou quase nada?
Se ele pode jogar gamão e sonhar com ancestralidades púnicas?
Ou até, de tanto escutar e acolher, fazer uma quiçá bela,
na alegria, descobrir-se mais e deusa?
Belo o coração do bérbere belo!