Quem é ele?
Quem é este homem
Que chega manso
E nos pega assim
No remanso?
Chega com passos leves
Oferecendo flores
Acalentando odores
E tintas de tantas cores
Nossas almas, inquieta
Penetra nossos ôcos
Vai invadindo aos poucos
Nossos ouvidos moucos
Quem é este homem
Que nos dá um abraço
E assim nos prende
Em seu apertado laço?
Ele encanta com palavras
Com poesia, com as luas
E não se sente contente
Até que estejamos nuas
Um brinde ao fervor
Estamos juntos em laço
Entregamos ao ragazzo
Nosso verdadeiro amor
E depois?
Ele cansa...
Vai cheirar outras flores
Por que dessas anteriores
Já esgotou-lhes os odores
Seu andar é peregrino
Cintilante, qual menino
Brincando de descobrir
Em cada porto um porvir
Mas depois?
Descobre-se solitário
Esconde-se num armário
E o que vê no espelho?
Sua vida... um calvário
O que vê de si
Pra ele é muito pouco
E ao que dizemos
Faz ouvidos loucos
Ele é assim
Um anjo doce, um querubim
Até que mostre outro lado (ruim?)
Mas o amamos ainda assim
E ele?
O que sente este homem, o que ele quer?
Nem ele sabe, sua busca é incansável
Onde está sua musa, sua ideal mulher?
Está na parte feminina dele mesmo, num coração de papel
Mesmo irreal é ideal e ele não abre mão
E se qualquer falha virtual o inquieta
Ele recolhe-se em seu leito com ela
Espera por um alento que nunca chega
Seu peito arfa de dor mas ele... agüenta
Mente-se estar bem porque lhe convém
Mas no dia em que romper com ela
E aceitar que a VIDA que diz tão plenamente viver
Não precisa ser tão perfeitamente bela
Será feliz, com certeza e seja com que for
É meu desejo... sabes que sim... Meu amor...