O CRAVO E A ROSA

O CRAVO E A ROSA
Jorge Linhaça

" O cravo brigou co'a rosa,
debaixo d'uma sacada
O cravo saiu ferido
e a rosa despetalada"
Conte-se em verso ou prosa,
o fim não muda em nada.
O que ambos tem sentido,
depois da briga apagada.

Canta a rosa, canta o cravo,
tocam o cravo e o piano,
desfilando desagravos,
dos cravos dos seus enganos.

Toda rosa tem espinhos,
cravos, na carne, incrustrados,
Todo cravo tem caminhos,
os pés feridos, cortados.
Fossem do cravo os espinhos
e da rosa os pés cortados,
entenderiam os caminhos,
por um e outro pisados.

Canta a rosa, canta o cravo,
tocam o cravo e o piano,
desfilando desagravos,
dos cravos dos seus enganos.

Tanto o cravo, como a rosa,
tem muito o que aprender
são almas esperançosas
cansadas d'igual sofrer
A vida dá tantas voltas,
que é dificil de dizer
por linhas retas ou tortas
o que pode acontecer.

Canta a rosa, canta o cravo,
tocam o cravo e o piano,
desfilando desagravos,
dos cravos dos seus enganos.

Se podem as duas flores,
florescer em um jardim,
esquecendo suas dores,
sob um pé de alecrim:
Quem sabe dos dissabores,
fiquemos livres enfim;
vivendo só os amores
e esquecendo o que é ruim.

Canta a rosa, canta o cravo,
tocam o cravo e o piano,
desfilando desagravos,
dos cravos dos seus enganos.

22/04/2008