Eu que não sei
Somos os anjos
do destino
com a alma
pelo avesso
do utero
Voamos a lua
menstruadas
Os homens gritam
- são as bruxas
As mulheres pensam
- são os anjos
As crianças dizem
- são as fadas
(Maria Teresa Horta)
Se eu perguntasse à vovó
Ela diria que é amor
Mas custo a acreditar
Não quero, por favor
Eu digo que é doença
Eu digo que é pirraça
Eu digo que é vontade
Eu digo que é trapaça
Mas amor?
O danado se lembrou
Do caminho de minha porta
E voltou.
Eu digo que é melhor
Dizer pra não voltar
Pois bem, eu abro a porta
Mas não para ficar
Se eu choro a sua mágoa
Transpiro o seu suor
Se eu sofro sua chaga
E orbito ao seu redor
Que acontece?
O amor regressa?
Ou é novo viajor?
É dor que nunca cessa?
Peixe novo morre de fisgada
Mas chegue perto não
Que lhe dou uma dentada
E lhe arranco o coração
Mas não!
É calma, é prece
É tua divindade ativa
É angústia que aborrece
É razão na sua vida
É barreira que fenece
É botar a mão na urtiga
Sanidade que enlouquece
É amor?
Vovó pergunta com sua lábia
Fingindo, respondo que não
Mas sou bobo e vovó é sábia.