NÃO DIGAS, PORQUE EU SEI....
Sim, meu amor, não digas
Que “estrelas são feitas para noites azuis”
Assim como “o mar é espelho do céu.”
Sim, eu sei. Mas não digas:
Que o teu “mundo é azul
E a poeira de prata
É reflexo do luar nos teus olhos.”
Entretanto, eu sofro em saber
Que o teu mundo é distante
Diametralmente do meu.
Por isso eu teimo em escrever...
Eternizo momentos
Que ficarão
Mesmo depois... que eu me for.
Essa doce tristeza, alegra minha vida,
E faz o meu passo ter som de cristal
Tilintando magia
Quando posso te ver...
Ou rever as lembranças...
Não digas que a lágrima azul
É prerrogativa só tua!
Até mesmo esquecidos
Tem todo o direito
De contemplarem a lua!
Não digas que as fadas
És só tu quem as vê!
Até as malfadadas
Criaturas sozinhas
Sem saber os porquês,
Sentem farfalhar suas asas...
Não digas que o direito à felicidade
É só tu que o tens!
Há seres menores
Que não tem o teu brilho,
Mas amam também!...
Não te vanglories de orgulho
Porque um dia me tiveste
Enfeitiçada em teu amor!
A retirada, sem barulho,
Significa que esqueceste...
E eu matei minha dor!...
Ah! Não digas que eu não te amei!
Eu te amei corpo e alma...
Eu te amei tão completa!...
Se hoje, a calma,
Traz minha alma repleta,
Foi pelo quanto te dei!...
Não reclames
Porque meu sorriso voltou!
Não foi falsidade!
Foi a necessidade
De viver... quem amou!
Os pedaços juntei.
Com os cacos teci
Uma teia tão grande
Que me entreteci
E tornei-me doçura...
Daquilo que amei
Hoje tenho lembranças
Que são multicores...
Quais gotas na teia
Rebrilham ao sol!...
Mas lágrimas, te afirmo,
Nunca mais... serão!
Ah! Não digas que eu finjo ser feliz!...
Eu sou feliz!...
Eu hoje não sofro;
Não ando na sombra...
Meu corpo é banhado
Por raio de sol!
Minh’alma é dourada,
Vestida de estrelas...
E mágicas fadas
Adejam risonhas
Aonde eu vou!
A terra me encanta!
A vida enaltece
Aquele que canta
O sonho que tece...
Eu hoje sou livre...
(E tenho dó de te ver,
Perseguindo na noite
Vaga-lumes perdidos,
Tão frágeis insetos,
Quando um dia tiveste,
Em tuas mãos, as estrelas...)
Dói-me te ver
Prisioneiro e escravo
De vis preconceitos...
Ah! Não me digas, que esta
É a vida, que tinhas
Sonhado,
Pra ti...
Vigiado, sozinho...
Teus sonhos sem eco...
Vê-los, percebê-los,
Ainda dói em meu peito...
Minha alma ainda sofre
Pelo que um dia senti
Por alguém que, precioso,
Tentou me afogar
Na mágoa do adeus!
Tenho pena de ti...
Em tua riqueza és tão pobre...
Não te queixes: um dia
Uma vida ditosa eu te ofereci.
A escolha foi tua...
Não digas, portanto,
Em orgulho e vaidade,
Que “não sou para ti!...”
Agora... eu nasci!...
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