A FADA

Era uma vez uma tímida sombra a vagar;

Despercebida, maltrapilha de valores;

O sol lhe negava luz, perante ela emudecia o bramido do mar;

Com ela somente conviviam seus próprios dissabores!

Era uma vez uma lágrima insípida e incolor;

Que queimava a face pálida a lhe possuir;

Sua diária presença era o agonizante batismo da dor;

Seu projeto existencial era inexistir!

Era uma vez uma semente estéril, indigna de germinação;

Seu toque mortificava o mais fecundo dos terrenos;

Nenhuma flor, nenhum broto frutífero no coração;

Nenhuma chuva para tornar seus soluços mais amenos!

Era uma vez uma fada, que transformou em sol a triste sombra;

Que amparou aquela lágrima e sua vertência estancou;

Quem viu a semente infeliz, vendo-lhe agora jardim, se assombra;

Quem um dia me viu sem a fada, não acreditaria no que hoje sou!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 18/04/2008
Reeditado em 13/07/2009
Código do texto: T951549
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