A FADA
Era uma vez uma tímida sombra a vagar;
Despercebida, maltrapilha de valores;
O sol lhe negava luz, perante ela emudecia o bramido do mar;
Com ela somente conviviam seus próprios dissabores!
Era uma vez uma lágrima insípida e incolor;
Que queimava a face pálida a lhe possuir;
Sua diária presença era o agonizante batismo da dor;
Seu projeto existencial era inexistir!
Era uma vez uma semente estéril, indigna de germinação;
Seu toque mortificava o mais fecundo dos terrenos;
Nenhuma flor, nenhum broto frutífero no coração;
Nenhuma chuva para tornar seus soluços mais amenos!
Era uma vez uma fada, que transformou em sol a triste sombra;
Que amparou aquela lágrima e sua vertência estancou;
Quem viu a semente infeliz, vendo-lhe agora jardim, se assombra;
Quem um dia me viu sem a fada, não acreditaria no que hoje sou!!